domingo, 27 de julho de 2014

Praise loudly ?!!!


Há uns tempos atrás, o António Palma teve um pequeno acidente. E foi numa aula, imediatamente a seguir à minha. Ainda nem tinha chegado a casa, recebi uma chamada dele com uma voz mesmo em baixo de forma. Disse-me que a aula que tínhamos marcada para o dia seguinte, não iria ser possível pois o avião tinha uma das pás do hélice partida e o trem de aterragem dianteiro danificado. Fiquei com imensa pena dele. Achei por bem dar-lhe algum apoio. Disse-lhe que me sentia muito bem nas aulas dele, que estava a aprender muito e que era a pessoa com quem mais gostava de voar. Ora ... ora ... Assumi que ele seria homenzinho e guardaria este elogio para si. Já voltarei aqui mais tarde.
Ontem tive aula com ele de novo. Ele disse no final que a aula tinha corrido muito bem. Concordei. Marcámos uma aula para a próxima sexta-feira. Iremos para Sintra. Almoçaremos por lá e depois, iremos a Santa Cruz fazer um par de toca e anda. Claro que adorei a ideia. Irei ver uma a fazer um plano de voo, submeter aquilo e ouvir bem as comunicações todas durante o voo.
Hoje, tive uma aula com o Paulo Almeida. Confesso que estive a semana toda a pensar nisto. Queria mostrar-lhe o que já sabia. O que é fato é que me tenho sentido muito confortável nas ultimas aulas que tenho tido, sempre com o António Palma. Cheguei ao aeródromo muito cedo. Até tive que esperar que me abrissem o portão. O tempo estava mesmo fechado. Mesmo a dizer: “Não vás voar L”. Entretanto chegou o Paulo Almeida no seu motão. Aproveitamos para conversar e ir preparando um eventual voo, caso o tempo abrisse. A conversa evoluiu para campos que, confesso que, me surpreenderam um pouco. Comecei a notar alguma aspereza em alguns comentários em relação ao António Palma. Comentários do tipo: “Pois ele é pago à hora ... gosta de ir almoçar a Sintra à Sexta ...”. Enfim, notei que afinal, neste “Reino da Dinamarca” onde eu julgava estar, afinal ... as “sogras” não se entendem. Este “Reino” afinal é muito mais mundano e humano do que eu julgava ser ... Existem rivalidades entre eles e invejas. Que diabo ?!!! Porque é que cada um quer é estar no castelo do outro? Ou por é que o nosso castelo parece ser sempre pequeno? Enfim ... tentei ouvir estes comentários e manter-me o mais neutro possível. O tempo abriu, e a conversa também. Evoluímos para terrenos muito mais interessantes e “a-pessoais”. Acabamos por pôr a máquina cá fora e lá nos fizemos aos céus. Mal entramos no vento cruzado e depois no vento de cauda esquerdo da pista 33, começo a notar um comportamento do avião, completamente diferente do que eu conhecia até então. Ou melhor: Daquilo a que vinha estando habituado nas ultimas horas de voo. A 4400 RPM o avião ia a 160 km/h. Estava habituado, nesta rotação  a que o avião voasse a cerca de 140km/h. Depois, recolher os flaps devia de ser feito a 500 pés. Com o Palma, limpava o avião imediatamente a seguir a passar as linhas de alta tensão. Como o avião estava a voar muito mais rápido, tudo se estava a passar muito mais depressa também. Ora eu já estava acondicionado para outro tipo de reações. De modo que, na perna base, aquilo ia tão depressa que, falhei o ponto de entrada na final, cheguei muito depressa à pista, falhei a aterragem e acabei por fazer uma passagem baixa. Enfim ... um desastre. Eu queria mostrar-lhe que já ia dominando aquilo e acabei por mostrar apenas que ... ainda estou mais verde que a cana da índia. Fui-lhe dizendo que não estava a reconhecer as reações do avião. Não estava habituado a estes “estímulos”. Ele disse que estávamos num dia sem vento (apercebi-me que tinha voado sempre com nortadas valentes) e que ele pesa aí uns bons 30 quilos a menos que o Palma. Ora num avião com um motor de 100cv, isso faz uma diferença brutal. Depois de cerca de 1 hora de voo e 5 toca e andas, lá voltamos à pista apara aterragem final. Claro que ele tinha imensos reparos a fazer. Notei que os enfatizou demasiado e estava com uma atitude que de pedagógico pouco ou nada tinha. Ouvi tudo aquilo e rematei com um: “Não estava à espera de aprender tanta coisa hoje”. Fui para casa com uma carrada de frustração que só visto. Depois, já a caminho do aeroporto, fui falando com a Manela. Muitas das vezes mais comigo, a pensar alto. Apercebi-me que, o Sr. “Tonito” Palma terá enchido (eventualmente) a boca com aquilo que lhe disse. Terá digo que eu disse que ele era a pessoa com quem eu mais gostava de voar, com quem eu mais me sentia confortável. Ora isto dito aos outros instrutores ... certamente que eles não terão gostado de ouvir. Primeiro: Ele deveria ter guardado o elogio que lhe fiz, de modo particular, para ele apenas.
Segundo: Os outros instrutores, se fossem pessoas seguras de si, não deveriam de acusar “azias”.
Terceiro: “Praise loudly” ??? Not really. Porque quando a pessoa que ouve o elogio se comporta duma forma infantil e precisa de o espalhar à sua volta, isso poderá causar invejas. Especialmente se, o pessoal que o rodeia, está em guerrinhas uns com os outros.
Como disse ao Paulo, não estava à espera de aprender tanta coisa hoje. Mas, não só aprendi muito do avião como, a nível das relações interpessoais. Voltei a crescer mais um pouco.
“Life is a process”. E, como dizia o Freddy Mercury: “Let us never loose the lessons we have learned”.

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